Não é dúvida para ninguém que 2013 foi o pior ano para Justin Bieber desde que o canadense começou sua carreira. A pressão da mídia chegou a um ponto que fez com que o novo filme mudasse o enfoco, desta vez tratando com tudo que havia acontecido.
Lidar com todos os rumores parecia impossível, mas numa conversa de três horas de duração, todos os problemas foram jogados sobre a mesa. Em entrevista ao USA Today, Justin Bieber, Scooter Braun e Jon M. Chu – diretor de “Believe” – comentam sobre o novo filme, que estreia nos Estados Unidos em alguns dias – e, no Brasil, em fevereiro.
Com a função de lembrar a todos que “tudo se trata da música”, a sequência de abertura do filme traz um Justin Bieber mais velho – evidenciado pelo braço cheio de tatuagens e com uma tentativa de bigode – compondo num piano. Dirigida por Jon M. Chu, a cena é tão impressionante quanto a mensagem é inconfundível: o garotinho do YouTube pode ter crescido, no olhar público, mas o mais importante é a música.
“Vou tirar meu tempo (próximo ano) para realmente achar minha sonoridade como adulto”, Justin conta aoUSA TODAY através de um e-mail das Filipinas, a última parada de sua “Believe Tour” de 15 meses de duração. “Isso custa tempo e paciência, e eu sou grato por ter a habilidade para dar um passo para trás e focar na minha criatividade.”
“Próximo ano será menos sobre a carreira”, conta seu empresário e amigo, Scooter Braun. “Eu espero que Justin faça coisas como andar de snowboard, passear com mochila, trabalhar em suas instituições de caridade, mas na maioria dos casos, ele estará em estúdio. Música é sua terapia.”
Além de encontrar uma nova sonoridade, o derivado de uma abstinência autoimposta desse tipo seria um intervalo das garras destruidoras do monstro da fama, relata o jornal. Houve poucas coisas que Bieber fez desde que começou a sua turnê que escapou do julgamento público e, frequentemente, da crítica – como no primeiro show, quando ele passou mal; ou na foto provocadora que publicou e apagou do Instagram; ou na discussão com um paparazzo britânico; ou ainda no balde do restaurante; entre outros.
Os altos e baixos de Bieber no último ano foram registrados de perto pelas câmeras de Chu, o que resultou em cenas inéditas e reflexões dos bastidores sobre uma das celebridades jovens mais famosa do mundo. No entanto, as desculpas não vêm de forma direta por ações específicas: ao ser perguntado se Justin está destinado a ser o próximo desastre, o cantor reage atordoado.
“Eu não vou ser estúpido o suficiente para que isso aconteça”, responde. Quando perguntado sobre como sua mãe, Pattie Mallette, encara alguns de suas travessuras, ele é honesto: “Ela não concorda com algumas decisões que eu faço, como qualquer mãe.”
Diretor de entretenimento da revista Us Weekly, Ian Drew comenta que Bieber “certamente levou alguns golpes recentemente, então eles são espertos o suficiente para lançar um filme que lembre as pessoas que ele é um baterista, um cantor, um dançarino e um compositor”. Para ele, “A mensagem deles é que ele não é um fantoche que canta. O problema é que um ano difícil para a sua imagem ofuscou algumas músicas boas.”
O diretor do filme, que também dirigiu “Never Say Never”, conta que embora o adolescente mal o conhecia no primeiro projeto, dessa vez havia um novo nível de conforto entre os dois. “O fato de que eu pude perguntá-lo se ele achava que se tornaria num desastre diz muito sobre ele”, conta Chu, que concordou em dirigir o filme entre projetos de G.I. Joe e vê esse segundo filme como uma possível trilogia dos documentários de Bieber. “Por mais que ele esteja numa bolha, eu acho que ele tem perspectiva.”
Chu conta que quando ele lia algo sobre passo falso de Bieber – incluindo ser acusado de pichação no Brasil e pisar numa bandeira jogada no palco na Argentina – ele “perguntava e rapidamente descobria que muitas coisas não eram verdade, frequentemente Justin não estava onde as pessoas alegavam que ele estava.” A meta principal desse filme, para o diretor, é “nem tão louco nem tão inocente quanto ele pode deixar transparecer. Ele não é perfeito, mas, como sociedade, é claro que nós gostamos de derrubar as pessoas.”
“[Nós] paramos de defender as acusações porque há apenas uma quantidade limitada de vezes que você pode dizer, ‘Isso não aconteceu’”, conta Scooter Braun, empresário, sobre o limite em que ele e sua equipe chegaram. “Você tem que saber a sua verdade. As pessoas dizem, ‘Ah, ele está caindo as pedaços.’ Bom, ele não perdeu um show de 156 shows.”
Ainda assim, Braun não nega que o último ano teve seus difíceis. Numa troca pungente em “Believe”, Braun fala para Bieber sobre essas frustrações, e o cantor responde envolvendo seu braço sobre o homem que o tirou do Canadá rural para cantar para seu eventual mentor, Usher. “Olha, esse trabalho custa muita paciência”, Braun conta quando perguntado sobre a cena. “Mas Justin não é um cliente, ele é como família. Eu quero que ele se comporte como um bom rapaz. Eu não fiz isso para ser um capacho, eu não me importo em [ter que] brigar com ele. Porque sempre terminamos nos abraçando.”
“Seus erros são erros da rebelião adolescente”, reconhece Braun, compreendendo que suas “dores de parto” são normais da juventude, apenas amplificadas pelas luzes Klieg da fama. “Meu maior problema é que ele sofre bullying de pessoas que não o conhecem, que o veem como uma empresa comercial e não como pessoa. Mas ele é humano.” Braun relata um incidente no qual ele lamentou para Bieber como um fã disse coisas maldosas sobre o empresário online, e como o incomodou profundamente. “E Justin disse, ‘Imagine isso vezes um milhão, todos os dias’”, conta Braun. “Eu disse, ‘É, como você lida com isso?’ Ele simplesmente disse, ‘Eu acho que sou edificado para isso.’”
No e-mail para a USA TODAY, Bieber escreve: “O último ano não foi o mais fácil para mim, como eu acredito que seja o caso para todos os adolescentes. Eu estou apenas tentando crescer e descobrir quem eu sou, mas eu tenho que fazer isso na frente do mundo. Como qualquer um no cenário público, as coisas que eu faço são examinadas e feitas alarde, o que torna as coisas mais difíceis. Mas é um efeito colateral da minha carreira e de poder fazer o que eu amo todos os dias, então eu estou lidando com isso da melhor forma possível. Minha família, minha equipe e meus pastores realmente me ajudaram a superar as dificuldades.”
Quanto aos seus atos de rebeldia mais graves, incluindo a direção perigosa e apreensão de drogas em seus ônibus de turnê, ele admite que “às vezes eu me rebelo para tentar mostrar a minha independência, e isso pode ser difícil para qualquer um. Mas felizmente, as pessoas ao meu redor me amam e são compreensíveis. Quando eu cometo um erro, todos nós conversamos sobre isso e tentamos aprender com isso.”
“Eu apenas tento toda manhã acordar e me dizer pelo que eu sou grato e tornar esse um ótimo dia”, conta Bieber, que tem como o objetivo de manter-se positivo e sua música como foco no momento. “Eu quero tocar o mundo de maneira positiva e ajudar as pessoas, e é nisso que eu estou focado.”
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